sexta-feira, 16 de março de 2012

COIMBRA e os seus eléctricos

1 de Janeiro de 1911. Há  100 anos atrás, era inaugurada em Coimbra, a tracção eléctrica..."o mais notável acontecimento da vida Coimbrã"... O sistema compunha-se de três linhas: Estação Velha - Alegria; Estação Nova - Universidade e Estação Nova - Olivais.
No inicio dos anos 1970, os SMC reforça a ideia de retirar o eléctrico das ruas da cidade. Na madrugada do dia 9 de Janeiro de 1980, perto da uma da manhã, os eléctricos recolhem, pela última vez às instalações situadas na Rua da Alegria. Foi o fim de 69 anos de serviço prestado à cidade de Coimbra pelos velhos eléctricos. Restam algumas peças no depósito da Alegria, aguardando a esperança de um dia se constituir um Museu vivo deste modo de transporte e trazê-los de novo à vida.


Excelente video que nos traz a memória de tempos idos com o fundo musical belo e inconfundível de Carlos Paredes.

17 comentários:

  1. Excelente mesmo.Foi muito bom recordar.
    Um abraço, Nanda

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  2. Gostei muito.
    Cresci com o "barulho" dos eléctricos e.quando acabaram,andei mais de uma semana com o sono trocado,por falta desse "barulho".
    Uma das coisas que notei foi,em geral,as casas de habitação onde passavam os carris tinham um aspecto digno e arranjado.
    Desapareceram os carris,desapareceram os habitantes e as casas estão abandonadas e a caír.
    Que voltem os eléctricos e tragam os outros "amigos" também.

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  3. Grandes recordações destes tempos.
    Quantas vezes desci e subi com os eléctricos em andamento...por motivos!
    E o CHORA da linha 5 Calhabé Circulação!!!

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  4. Saudades dos eléctricos, tudo bem.
    A bronca é esta, neste país, onde nascemos, houve poucas pessoas que se preocuparam em saber como o sistema funcionava,não houve ninguém que se preocupa-se como é que isto do país tinha que funcionar.
    Se calhar quem já morreu é que tinha razão,
    Por mim já dei.
    Estou farto.
    Tonito.

    O CHORA QUEM ERA.?

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    1. O CHORA quem era?
      Agora é que está aqui uma grande bronca.
      Até eu sei o que era o CHORA e só cá vim à bola...
      Dom Rafael, explica o assunto...

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    2. Em 1878, Eduardo Jorge, então com 18 anos, vindo, como tantos, do interior pobre, empregou-se como moço de cavalariça nos “americanos” em Lisboa.
      Em 1888, criou a sua pequena empresa de transportes, que fazia a carreira entre o Intendente e Belém, com tarifas económicas.
      Era o “Carro do Chora”, que veio a tornar-se o mais famoso concorrente dos "americanos".
      “Chora” foi a alcunha que lhe puseram os colegas por frequentemente se lamentar de ao fim de cada dia os seus ganhos serem sempre poucos.
      Com o passar dos anos fez-se um dos maiores empresários no ramo da camionagem!

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  5. Ainda hoje se questiona se terá sido uma boa opção a liquidação do transporte eléctrico no país. Sendo certo que era lento, sendo certo que era ruidoso, também é certo que era o mais económico e o menos poluente.
    O "troley", vemos um no video, parecia a solução ideal. Mais rápido do que o "eléctrico", mais cómodo e menos ruidoso (até era conhecido pelo "pantufas")
    Vá-se lá saber porquê, foram enterrados e substituídos por máquinas a gasóleo.
    Mistérios antigos...que têm a ver com os tempos modernos.

    Em boa hora o Abílio nos traz aqui este video.
    Dá-nos a possibilidade de recordar a pacata Coimbra dos anos 50/60.
    Há pormenores deliciosos que cada um aproveitará conforme a sua sensibilidade.
    O comboio a atravessar a baixa da cidade em direcção a Miranda, "cruzando-se" com um eléctrico...
    Um peão que se apressa para atravessar a Navarro, perante a proximidade do comboio, mesmo sem passadeira...
    O sinaleiro no seu posto de comando...
    A publicidade nos eléctricos,"Philips, "Jodarte", "Papelaria Cristal", "Belarte", "Estrela Verde" ...

    Sem saudosismos mas com muita saudade. Ao fim ao cabo, saudade da nossa juventude...

    Bilito, obrigado.

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  6. São as grandes cabeças das nossas câmaras que se regem por interesses alheios aos das populações!
    Há cidades por esse mundo fora, desde os Estados Unidos à Austrália, passando pela Suíssa que mantiveram os seus eléctricos e hoje, além da utilidade para o povo, são também uma fonte de rendimento como icons turísticos.
    Tenho alguns exemplos no meu Blog, poderão ver que cidades como: New Orleans, Sam Francisco, Adelaide, Melbourne têm eléctricos, eu diria, de luxo, em circulação.

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  7. Quem dera ainda andar de eléctrico!~
    Asneiras destas só de burros...

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  8. Oh! como recordo os velhos elétricos!
    Meu avô paterno era "guarda freio" ou cobrador dos elétricos. Quando ia na função de cobrar, nós iamos sem pagar...
    Enquanto aluna do Jardim Escola João de Deus, eu viajava no "chora",acompanhada pela empregada da escola que me entregava ao meu pai na paragem da Praça 8 de Maio.
    Mas fascinava-me ver a mudança dos encostos dos bancos, em palhinha, aquando da inversão do percurso!
    Coisas de 70 anos!...

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    1. Com que então, viajando à borla?!
      Mordomias de neta que levaram os SMTUC à falência...
      Celeste Maria, já agora, aproveita e explica ao Tonito o que era o "chora".
      Parece que Dom Rafael não está para explicações...

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  9. Na segunda metade do séc. XIX surge em Lisboa a necessidade de criar uma rede de transportes públicos. Assim, nascem as primeiras companhias de carros puxados por cavalos desconfortáveis e sujos. Existiam cerca de 20 empresas, as principais eram os carros do “Chora” (o proprietário tinha esta alcunha por andar sempre a lamentar-se) e os carros do Simplício.
    Conhecido como o CHORA, alcunha que alguns afirmam derivar do facto de "se andar sempre a queixar", junto do seu círculo de amigos, devido às dificuldades que a forte concorrência da Carris lhe trazia, provavelmente deriva antes do facto das suas carroças produzirem ruídos que eram semelhantes a lamentos, quando calcorreavam as ruas da cidade.
    EM COIMBRA A ÚNICA LINHA QUE TINHA "CHORA" ERA O "5 CALHABÉ CIRCULAÇÃO"
    ERA UM ATRELADO (com uma estrutura mais leve), cujo nome terá sido importado, como atrás se refer, de Lisboa!
    A malta mais nova adorava viajar no CHORA...até porque tinha mais possibilidade de viajar à borla.Quando o cobrador se aproximava salta-se para o chão em andamento. Claro que muitas vezes também se subia para os degraus com ele em andamento.
    Tenho esperança de encontrar uma foto nos serviços, na Guarda Inglesa.
    Viana agora lê tu isto, porque nem o Tonito, nem mais ninguém vai ler...
    Mas cumpri o que prometi!

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    1. O eléctrico nº5 que tinha como destino "Calhabé" e não "S.José" foi o primeiro que dava uma volta completa à cidade (Portagem, Praça 8 de Maio, Sá da Bandeira, Arcos do Jardim, Rua dos Combatentes, Calhabé, Rua do Brasil e Portagem). Como dava a volta completa era costume dizer-se, quando se queria dar uma volta de eléctrico, "vamos dar uma volta à circulação", ou seja, uma volta completa.

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  10. Lido e compreendido.
    E agradecido...
    Se o Quito não andasse afastado das "lides" diria: muito se aprende nesta espécie de blogue!

    Quanto ao Tonito, quer ele queira quer não, vai ler isto. Vais ver...

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  11. A Coimbra de outrora mas ainda do nosso tempo, revisitada num excelente documentário aqui trazido pelo Abílio, completado por oportunas explicações do Rafael. O Chora era de facto o melhor meio de transporte que muitas vezes utilizei quando queria ir à Baixa com grandes probabilidades de fazer o percurso ou parte dele sem pagar.

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  12. Não há mal que sempre dure. Por isso, cá estou de novo.
    Excelente postagem. O Chora desapareceu da cidade e com ele um pouco da memória de Coimbra. Que saudades de o ver subir junto à Manutenção Militar, naquele esforçado compasso de sons carateristicos e o tilintar do fio de cabedal, nas chegadas nas partidas. Por mim, gostava de ver os amarelos invadirem de novo a cidade. Não é desses, que vendem corta-unhas a 50 centimos. É dos que fazem parte da memória coletiva dos conimbricenses. Em cada janela franca, o perfil de um passageiro. Professor ou operário, adolescente ou idoso. Era a história da nossa cidade contada no papel pautado dos carris de um elétrico de saudoso pranto.
    Abraço Abilio

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