sexta-feira, 28 de outubro de 2011

LAMPANTANA - UMA SUGESTÃO

No próximo fim de semana, de 29 de Outubro a 1 de Novembro, em Mortágua, decorrerá a 2ª edição do Fim de Semana da Lampantana.
Visite Mortágua e aprecie a originalidade de um prato confeccionado numa caçoila de barro preto, com carne de ovelha e vinho tinto local, acompanhado de grelos e batata “fardada”, e “regado” com o bom vinho do Dão.
 Esperamos por si
Enviado por Lígia Ramos

Nota ADM:
Dicionário net:
lampantana [Portugal: Beira Alta]   [Portugal: Beira Alta]   [Culinária]      O mesmo que chanfana.


RECEITA(net)
.


Chanfana ou Lampantana
do livro - Cozinha Tradicional Portuguesa
Da
 Editorial Verbo
Ingredientes
Para 10 a 12 pessoas
  • 3 kg de carne de cabra ou de carneiro
  • 150 g de toucinho
  • 1 dl de azeite
  • 1 colher de sopa de banha
  • 1 cebola
  • 5 dentes de alho
  • 2 colheres de chá de pimenta
  • 1 colher de chá de colorau
  • 1 ramo de salsa
  • 1/2 folha de louro
  • sal
  • noz-moscada
  • 1 a 1,5 litros de vinho tinto da Bairrada
Confecção:

Corta-se a carne em bocados, que se colocam num tacho de barro preto de Molelos.
Juntam-se todos os ingredientes citados, à excepção do vinho, que apenas deve ser o suficiente para cobrir a carne.
Como norma, tendo o forno de pão, aquece-se este como se fosse para cozer broa de milho, isto é, bastante forte.
Introduz-se a caçoila tapada e « esquece-se» até o forno esfriar, o que leva entre 4 a 5 horas.
A meio deste tempo, convém verificar se é necessário adicionar mais vinho.
Não se dispondo de um forno de pão, coze-se a chanfana no fogão, que deverá ser aquecido até ao máximo da sua potência meia hora antes de se introduzir o preparado.
Antes de comer aquece-se bem a chanfana e serve-se na caçoila em que cozeu, com batatas cozidas em água e sal à parte.
*Para este prato, mais conhecido por «chanfana», mas que também se dá o nome de «lampantana», e que é rigorosamente obrigatório em todas as festas e bodas da região da Bairrada, a carne mais indicada é a de cabra, podendo também ser feito com carneiro.
O animal escolhido tem de ser adulto e será cozido de preferência no forno de pão dentro de um tacho de barro preto de Molelos.
Nunca deverá ser feito no dia em que é servido, mas na véspera ou antevéspera, aquecendo-se muito bem antes de servir.
Deste prato se apresentam algumas das suas versões mais significativas.



18 comentários:

  1. E eu que ainda hoje comi lampatana convencido que era chanfana...
    Aprender até morrer!

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  2. Dois comentários quase simultâneos dá nisto...
    Estava uma maravilha mas a "entrada" não estava pior.
    E a "pinga" era de estalo!

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  3. Estás com medo que a senhora GNR passe por aqui?
    Shiu! Mandei parar!... só avança quando eu mandar!

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  4. Houve aqui uma avaria técnica...e lá se foram os bolos de bacalhau com o arroz de grelos, sobre os quais a lampantana assentou que nem uma luva!

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  5. De vez em quando tenho que dar razão à Olga, és incorrigível...

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  6. Foi mesmo "nabice" minha!Ia corrigir uma frase mas esqueci-me de copiar previamente o que tinha escrito.

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  7. Afinal Rafaelito, tu e o Dr. Rui Felício, são uns amigos da onça!!!!Tanto mistério com a "lampantana", para no fim ser mais ou menos como a chanfana!!!!!
    Chanfana comi muita em Brasfemes, a lampantana nem vou provar...de raiva contra vocês os dois.

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  8. A Lady Lousada parece que ainda não percebeu que chanfana e lampantana não são rigorosamente a mesma coisa e daí parte para o insulto!
    Chanfana escreve-se com "ch" e lampantana com "la"!

    E negalhos saberá o que são?
    Para mim são o melhor petisco que se obtém quando se faz chanfana...

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  9. Tal como no Porto, em que o Povo ainda hoje é conhecido por Tripeiro, e por idênticas razões, o desenrascanço popular levou à invenção dos "negalhos" na região da Beira Litoral, na altura das invasões francesas...
    Esclareço isto para que a Teresa Lousada não comece a fazer conjecturas impróprias em face do nome arrevesado deste petisco...

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  10. A Tersinha mete-se em cada uma!
    Mas deixa lá, querida amiga, que o nosso ilustre Dr não perde pela demora.

    Assim, para que conste e sendo aquilo que sei:

    O Porto estava sitiado pelos invasores franceses. A cidade isolada começava a debater-se com a fome. Os franceses, sitiantes mas também ele esfomeados, receberam como presente, catapultados das muralhas Fernandinas para a Ribeira, grandes nacos de carne de vaca que não era mais do que os últimos animais que a cidade possuía. Os franceses comeram e, perante aquele alarde de abundância, , retiraram o cerco, convencidos que não era pela fome que o Porto se renderia mas não sabendo que por, detrás das muralhas, as vísceras doa animais eram sofregamente comidas.
    Daqui que ... Tripeiros.

    Continuando aquilo que sei, ou julgo saber:
    A chanfana também teve a ver com as invasões francesas.
    O Povo, sabendo que as tropas francesas tudo rapinavam, ao saber da sua aproximação trataram de matar a sua "criação". Porcos e galináceos eram salgados e enterrados em recipientes de barro.
    Mas o sal também era um produto que escasseava e começaram a cobrir a carne de cabra com vinho, que abundava.
    O frio da terra fazia o resto, conservava as carnes.
    E foi assim que, com um extraordinário instinto de defesa e de sobrevivência, descobriram a carne de porco salgada e a carne de cabra avinhada.
    Abençoados!...

    Portanto, Tersinha, o nosso Dr que explique o que é que os "negalhos" têm a ver com as invasões francesas...
    Claro que sei que ele vai conseguir explicar e que vou levar na "tarraqueta".
    Paciência, confesso que por vezes, por raras vezes, sou masoquista...

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  11. Tudo o que disse o Carlos é verdade.
    Mas não disse que as visceras das cabras e das ovelhas tinham que ser cozinhadas de imediato sob pena de apodrecerem.
    Daí apareceram os "negalhos" que mais não são do que bolas feitas com o intestino grosso recheado com intestino delgado, atadas com linha para se não desfazerem.
    Vão ao forno com os mesmos temperos da chanfana.

    Os povos de Miranda do Corvo, Poiares, Buçaco e aldeias circundantes conhecem-nos bem ainda hoje.

    POr isso eu disse que os negalhos têm a mesma origem ( as invasões francesas ) que as famosas tripas à moda do Porto.

    A diferença é que estas provêm das vacas e aqueles das cabras e das ovelhas...

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  12. E já aprendi qualquer coisa hoje.
    Bem "esgalhada" esta explicação sobre os "negalhos".
    Valeu a pena ter "puxado pela língua" ao Felício, como sempre...
    Bom fim de semana.

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  13. Desconfio que a Olga e o Carlos Viana saberão por onde andou o Castelão...
    Tanto segredo, deixa-me intrigada!

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  14. Celeste Maria,
    Eu sei lá por onde andou Dom Castelão!
    Se tu não sabes, quem sou eu?...

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  15. Sem "puxar pela língua" ao nosso amigo Pedro Martins ( bastou-me "rapinar" do seu Calhabé-Circulação) aqui ficam mais alguns dados muito interessantes sobre o tema. Vejam que vale a pena:

    «Segundo a lenda, a chanfana teria surgido no Mosteiro de Semide. Até finais do séc. XIX, todos os agricultores e rendeiros eram obrigados ao pagamento dos foros. Assim, o Mosteiro recebia dos moradores do seu couto os foros a que estavam obrigados. Galinhas, vinho, azeite, dias de trabalho, cabras e ovelhas, eram formas de pagamento. Durante o mês de Agosto e até ao dia de S. Mateus, as freiras de Semide recebiam as suas «rendas».
    Muitos dos moradores, porque eram pastores, pagavam com cabras e ovelhas. Ora, como as freiras não tinham disponibilidade nem meios para manter tão grande rebanho, descobriram uma fórmula para cozinhar e conservar a respectiva carne, aproveitando o vinho que lhes era entregue pelos rendeiros, o louro que tinham na sua quinta, bem como os alhos e demais ingredientes. Surge, assim, a chanfana que era religiosamente guardada ao longo do ano nas caves frescas do mosteiro. A carne assada no vinho mantinha-se no molho gorduroso solidificado, durante largos meses.
    Segundo outros, terá sido durante a terceira invasão francesa que as freiras inventaram esta fórmula gastronómica para evitar que os soldados franceses roubassem as cabras e as ovelhas da região. Finalmente, há quem diga que a receita da chanfana nada tem a ver com o Mosteiro de Semide, mas apenas com as invasões francesas. Diz-se, então, que, quando as tropas francesas andaram pela região da Lousã e de Miranda do Corvo, a população envenenou as águas para matar os franceses. Mas era preciso cozinhar a carne habitualmente consumida (de cabra e de carneiro) e, como a água estava envenenada, utilizou-se o vinho da região. A chanfana é um prato típico, não só no concelho de Miranda do Corvo como de praticamente toda a região centro. A chanfana, sendo bem confeccionada, é boa em todo o lado, sobretudo onde há bom vinho para a sua confecção como há em Lamas e Podentes.
    É muito apreciada e servida em bastantes restaurantes da zona. De salientar que constitui o prato «obrigatório» quando decorrem as festas religiosas anuais, nomeadamente na vila de Miranda do Corvo, pelo S. Sebastião»

    Lampantana? Modernices...
    Chanfana é que é e com História.
    Melhor dizendo, com diversas e muito ricas versões da História.

    Para todos o meu abraço.

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