sexta-feira, 26 de agosto de 2011

BIBLIOTECA "ENCONTRO DE GERAÇÕES"

 Agradeço ao FERNANDO ROVIRA a oferta deste interessante livro!
"A República do Carmo"
"ROMANCE HISTÓRICO DE COIMBRA"- Capa de  IDALINA ROVIRA.


A Introdução , fundamental para o enquadramento  do Romance Histórico, ocupa as páginas de 11 a  22, 9 CAPÍTULOS - EPÍLOGO - e NOTAS.

A Introdução é uma "Lição de história", com datas, nomes e factos reais que abrange as invasões francesas, a presença das tropas inglesas e...as crises porque passou Portugal....com alguma semelhança com o que actualmente se está a passar com a crise económica!
Como é um pouco extensa publico hoje uma parte da Introdução  e depois  mais algumas passagens.
 


INTRODUÇÃO
     Destina-se esta pequena introdução a auxiliar o leitor, porventura menos familiarizado com a História, a entender o porquê da violência que irá encontrar em muitas das páginas que vai ler.
     Em termos cronológicos, a acção deste livro desenvolve-se entre 1808 e 1840, um dos mais desgraçados períodos da História de Portugal: invasões francesas – presença estrangeira – lutas civis. Por isso, achámos fundamental a caracterização e descrição, em termos tão breves quanto possível, do contexto sócio-politico em que ela decorre, consciente embora do risco que, em História, as sumarizações podem implicar.
        O século XIX foi um século de convulsões.
        A partir das invasões francesas, o País não mais voltou a encontrar a paz de que necessitava par se recompor do descalabro em que caíra. Vivia-se um permanente mal-estar político, económico e social. O erário público mantinha-se à custa de sucessivos empréstimos internos que se iam tornando cada vez mais gravosos devido ao juro aumenta na proporção em que diminuía a receptividade pública. Dos 700 milhões de francos que a França teve de pagar como indemnização de guerra, apenas nos coube o exíguo montante de 2 milhões, apesar de Portugal ter suportado prejuízos incomparavelmente superiores. Porém, o País não tinha voz para ser ouvido, nem tinha voz para nada…
       A paz com a França foi assinada em 1814. Contudo, apesar do termo das hostilidades, os ingleses ainda por cá foram ficando, comportando-se algumas vezes como se em colónia sua estivessem, o que fez com que a reacção contra a sua presença fosse aumentando de vigor. Nem governo, nem povo, os viam com bons olhos. Para piorar as coisas, Beresford, comandante do exército, consegue do Rei a autorga de tão amplos poderes que o colocam numa posição de total independência perante o governo do Reino. E, num momento em que todos os braços não seriam de mais para se fomentar a reanimação económica de que o País tanto precisava, Beresford procede a grandes recrutamentos de soldados.
        Grassando vertiginosamente, à custa do mal estar generalizado, o ideário liberal insinua-se com facilidade nos espíritos. A Maçonaria, veículo privilegiado das novas ideias, fixa-se e robustece-se. Em COIMBRA, a loja maçónica Sapiência congrega importante núcleo de personalidades favoráveis ao liberalismo.
        Em certo momento, começa mesmo a propagandear-se em alguns sectores, incluindo o exército, a queda da Monarquia. Em Pernambuco, chega a eclodir um movimento republicano: em Lisboa, nos meios maçónicos, prepara-se idêntica conspiração, mas por ironia, sem os cuidados de sigilo peculiares das associações secretas. Em 1817, doze dos implicados são condenados à  pena capital, entre  os quais o General Gomes Freire de Andrade, oficial brilhante que, desde o ano anterior, era grão-mestre da maçonaria portuguesa:
        O estado da nação vai de mal a pior. Em 1818, o défice anual atinge os 5 milhões de cruzados. É a bancarrota. O País conspira. Em Junho desse mesmo ano, constitui-se o Sinédrico, associação secreta cujo objectivo era preparar a revolução liberal. Aos quatro membros fundadores – Fernandes Tomás, Ferreira Borges, José da Silva Carvalho e João Ferreira Viana – muitos outros vêm juntar-se.
Continua

6 comentários:

  1. Ao Fernando Rovira, quero aqui expressar a minha gratidão pela gentil oferta de de um exemplar de "A Francesa". Já o li e...

    " Quando as paredes se desmoronarem, as árvores morrerem e a identidade dos homens se diluir no constante fluir das gerações...Enfim, quando já não houver nada onde encostar a memória, entao só estes escritos, pequenos riachos que alimentam o grande rio que é a História, ficarão a lembrar que cada homem foi uma estrela que veio de longe e que jamais se apagará"

    Abraço também para o Mário Rovira, seu irmao, grande cantor do Fado de Coimbra.

    Até ao dia 18 de Outubro no 3º Aniversario do EG.
    Saúde !!!!

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  2. Parabéns ao Fernando Rafael que consegue fazer uma boa apresentação, digamos que uma pré-introdução, à introdução do autor.
    Introdução parcialmente aqui publicada, como é explicado, por motivos claramente compreensíveis.
    Aguardemos a continuação.
    Para o Fernando Rovira, um grande abraço de parabéns por este excelente trabalho.

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  3. Reconheço, desconheço os pormenores desta época, e o Fernando Rovira, a quem endereço os meus parabéns, vem levantar o tapete sacudir o pó e dar-nos a descobrir um mundo de coisas que pela apresentação devem ser muito interessantes.
    Fiquei curioso e espero poder vir a ler esta obra.
    Um abraço
    Abílio

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  4. A referência ao espírito do estudante de Coimbra, idealista e disponivel para lutar do lado dos oprimidos contra os opressores, a referência à época das invasões francesas,alicia-me para a futura leitura deste romance de Fernando Rovira.

    O Batalhão Académico que ficou marcado indelevelmente na História de Coimbra e de Portugal, é um exemplo da secular mentalidade dos estudantes de Coimbra que, espero, não se tenha perdido no tempo actual de maior frieza e materialismo.

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  5. O Fernando Rovira vem, com a sua obra, dar-nos uma lição da nossa História que, ou se perdeu na memória ou apenas se desconhecia.
    Muito agradável a sua leitura.

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  6. Sim, o livro vale bem a pena ler.
    Muita história na primeira parte e muita passada por Coimbra.
    A próxima postagem será mesmo só a parte final do Epílogo" e que diz respeito à Republica do Carmo.
    Como tenho um exemplar oferecido pelo Fernando Rovira, o mesmo poderá depois circular por quem estiver interessado em o ler.Vale a pena!

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