sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Neste Natal

Neste Natal
Lembro-me daquela criança
que nunca teve um  brinquedo
e olha  sem nada pedir
Lembro-me daquele sem-abrigo
desesperado e cansado da vida
colocado num beco sem saída
Lembro-me de tanta fome na Terra
Lembro-me de tanta morte
Lembro-me de tanta guerra
Lembro-me de tanta destruição
Lembro-me de tanta violência
Lembro-me de tanta exploração
Lembro-me de tanta prepotência
Lembro-me de tanta corrupção
Lembro-me dos doentes sem esperança
Lembro-me dos injustiçados
Lembro-me dos que fazem de cada dia
um dia de desespero
sem emprego
Lembro-me dos que têm tudo de nada e nada de tudo
Lembro-me dos que se vendem para sobreviver
Lembro-me do jovem que chuta a vida num chuto
Lembro-me da floresta a arder
Lembro-me do animal maltratado
Lembro-me da natureza a morrer
Lembro-me
Lembro-me
Lembro-me
Lembro-me de tanta coisa que não deveria ser
Lembro-me de tanta coisa que poderia ser
que fico sem saber
que Natal se pode ter
Tapamos os ouvidos fechamos os olhos e desejamos
BOAS FESTAS e um FELIZ ANO NOVO
Mas quantas lágrimas ainda têm de haver…


Abílio Soares

6 comentários:

  1. Adorei.

    Bom Natal para ti e Família.
    Um abraço,
    Chico

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  2. Um GRANDE ABRAÇO.
    Não me lembro de nunca têr cumprimentado os meus AMIGOS.
    Bem escrito.
    Um Grande Abraço.
    Tonito.

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  3. Verdades que devem ser ditas!
    Esperemos que possam despertar pelo menos alguns para que muitas mais lágrimas não venham a ser derramadas!
    BOAS FESTAS!

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  4. Como diz o amigo Carlos Carvalho, tristemente belo. Abraço Abilio ...

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  5. No dia em que o Abílio publicou este poema ainda o li e ainda lhe fiz uma breve referência num outro post.
    Eu estava com pressa - porque será que andamos sempre com pressa? - para me instalar para consoar em casa da minha filha. Consoada essa que se prolongou até ao fim da tarde de hoje...
    Hoje, que já não é hoje...
    O Tempo é isto mesmo, não é Abílio?
    Bom, está dito o que queria. O teu poema, como já percebeste, merecia muito mais do que aquela pequene referência...
    Aquele abraço, companheiro.

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