domingo, 17 de março de 2024

ANIVERSÁRIO - JOSÉ ALVIM

JOSÉ ALVIM

17-03-1942

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

quarta-feira, 13 de março de 2024

sexta-feira, 8 de março de 2024

segunda-feira, 4 de março de 2024

ANIVERSÁRIO - RUI BARREIROS

RUI BARREIROS

04-03-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

sábado, 2 de março de 2024

OCTÁVIO SÉRGIO, AMANHÃ DOMINGO HOMENAGEM NO GRANDE AUDITÓRIO DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO

Este texto foi retirado do facebook                                                                                                     


de um amigo de Octávio Sérgio




"Os amigos são para as ocasiões"

É bem verdade. um amigo meu mandou-me este texto que tentou publicar num jornal de Coimbra, mas não conseguiu por "falta de espaço" deste. Aqui fica o texto, incógnito, a pedido.


Octávio Sérgio nasceu em Viseu, no ano de 1937. Começou a aprender a tocar guitarra aos 15 anos, embora aos 14 tenha começado a acompanhar Rolando de Oliveira à viola. Este tinha uma grafonola de manivela e discos de 78 rotações com a guitarra de Artur Paredes, e as vozes de Edmundo de Bettencourt e António Menano. Iam ouvindo e tentando reproduzir o que se ouvia. Rolando de Oliveira na guitarra e Octávio Sérgio na viola. 

Sua mãe tinha-lhe prometido que aos dez anos iria aprender piano, mas quando chegou a essa idade o que lhe ofereceram foi uma harmónica de boca, passando a ser esta o seu entretém. A música começou a fazer parte dele. 

Como tinha duas violas em casa, um dia pega numa e aprende o tom de lá menor ensinado pela mãe. O irmão mais velho, que tocava violino, ensinou-lhe mais uns tons e acabou depois por comprar os métodos de João Victória, primeiro de viola e depois de guitarra. 

Aos 15 anos a viola já não o satisfazia e começa a tocar guitarra afinando a viola como se guitarra fosse. Mais tarde conseguiu que um colega do liceu lhe emprestasse uma guitarra que, infelizmente, estava toda partida, mas ainda dava para tocar. Era bem melhor do que a viola afinada como guitarra. Perante este entusiasmo, a mãe dá-lhe 400$00 para uma guitarra do Zacarias de Viseu. Já era outra coisa. Um ano antes de ir para Coimbra comprou uma ao Olímpio Medina por 900$00. Foi a sua primeira guitarra a sério.

O seu primeiro “professor”, foi o cantor José Mesquita, que na altura andava a aprender a tocar guitarra. Numa saída da missa de domingo, em Viseu, José Mesquita deu-lhe umas dicas sobre a Aguarela Portuguesa de António Portugal e o Lá menor de José Amaral. Tudo de boca, sem o instrumento. Quando chegou a casa experimentou e foi um grande avanço para a execução daquelas peças. Daí para a frente foi um percurso penoso devido ao isolamento. 

Chegado a Coimbra para tirar o Curso de Ciências Físico-Químicas já tocava alguma coisa. Integrou vários grupos até ser acompanhante de António Portugal. Nessa altura já tinha começado a fase de criação. Fez várias peças que ia tocando aqui e ali. Em casa do António Portugal a sua música era muito apreciada, tanto pelo Portugal como pela esposa, Teresa Portugal.

Um dia tocou depois de um jantar oferecido pelo António Portugal a Carlos Paredes e Fernando Alvim. Depois de ouvir a peça diz o Carlos Paredes: “Não sabia que em Coimbra também se tocava assim”. Depois acrescenta que é uma música entre a Primitiva e Stravinsky.

Vem a propósito uma pequena história que se passou com a Teresa Portugal. Esta ouvia as guitarradas do Octávio Sérgio como já atrás foi referido. Quando Octávio Sérgio regressa a Coimbra em 1987 (tinha saído em 1966), um dia indo pela rua vê ao longe a Teresa Portugal a dirigir-se na sua direcção. Quando esta estava ainda a uns metros de distância atira-lhe com isto: “Então já está no surrealismo?” Foram as suas palavras antes dos cordiais cumprimentos da praxe. Isto mostra o quanto a música de Octávio Sérgio impressionara Teresa Portugal. Na verdade, aquelas composições eram bastante arrojadas para a época. 

No último ano de Coimbra vende a guitarra para ir aos Estados Unidos da América com o Orfeon Académico de Coimbra. Esteve uns anos sem tocar e quando recomeçou, já não se lembrava do que tinha feito. Foi uma grande desilusão. 

Jorge Gomes tinha gravado algumas peças, mas quando foi para a tropa deixou as fitas na casa de sua mãe que as colocou inadvertidamente em cima de umas colunas de som, tendo ficado desgravadas. Durval Moreirinhas também ouviu uma delas e diz-lhe assim: “Disto é que eu gostava de acompanhar”! E o que é certo é que Jorge Tuna, com quem tocava, aparece no ano seguinte com o disco “som diferente na guitarra de Coimbra”. Seria influência do Durval?

As peças que o Paulo Soares vai tocar, foram feitos depois de 1978, já não tendo nada a ver com as anteriores. São de um estilo mais coimbrão, usando em algumas delas a sucessão das 7 notas tão característico do Artur Paredes, como sejam as variações em La m, Ré m e Ré M e Sol M. Outras fugindo um pouco ao tradicional como Ensaio nº1, Fantasia a Espanhola (à volta de um quadro do pintor Viseense morto prematuramente num desastre de automóvel, Rolando de Oliveira), Dor na Planície, esta evocando a morte da Catarina Eufémia às mãos da PIDE. A lista de algumas das suas peças podem vê-las no livro de partituras, editado pelo Fado ao Centro, com o nome “Guitarra de Coimbra”, Octávio Sérgio.

Paulo Soares, guitarra e Rui Namora, viola, são dois excelentes intérpretes do melhor que por aí se encontra. O reportório de Octávio Sérgio é extremamente exigente do ponto de vista técnico, mas os dois intérpretes estão à altura de nos proporcionar um excelente espetáculo no domingo, dia 3 de março, às cinco horas da tarde, no Auditório do Convento de S. Francisco.




COIMBRA ANTIGA ANOS 70


 

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

ESTRELAS CADENTE- TEXTO DE RUI FELÍCIO

ESTRELAS CADENTES

Vivi alguns meses na Casa Branca, em Coimbra, numa casa do meu avô paterno, perto da linha do comboio da Lousã, até que os meus pais e eu pudéssemos ir viver para a nova casa do Bairro.

Logo ao lado, havia um grande olival e terrenos de cultivo onde as luzes do Calhabé não chegavam.

Noite quente de verão, céu estrelado onde a inexplicável imensidão do universo fazia as pessoas emudecerem e reflectirem.

Os meus seis anos de idade mais incompreensível tornavam a noção de infinito a que o meu pai às vezes aludia em conversas com a minha mãe e os meus avós.

Disse-nos que naquela noite iria acontecer um belo espectáculo de estrelas cadentes...Ninguém, excepto eu, aceitou o convite que nos fez para sairmos de casa e irmos para o fim do olival esperar pelo tal espectáculo celestial.

 O meu pai e eu éramos os sonhadores da família...

Deitados sobre a relva, ambos contemplávamos silenciosos, quietos e maravilhados o céu negro, sem lua, pontilhado por milhões de estrelas. Deixando a mente vaguear sem rumos definidos.O silêncio era apenas entrecortado pelo ligeiro ruído das folhas das árvores à passagem da leve brisa quente que corria.

Finalmente as primeiras estrelas cadentes começaram a riscar o céu.

Entusiasmado, insisti com o meu pai para irmos apanhar uma. Ele sorriu e não querendo desfazer a minha fantasia, acedeu...

Levantámo-nos e o meu pai ficou a observar a minha correria em direcção à orla das árvores. Eu sabia exactamente onde uma delas tinha caído.

Como é enternecedora a fantasia das crianças que perseguem sonhos como se fossem realidades...

O meu pai ao fim de algum tempo, chamou-me para voltar para junto de si, tentando explicar-me que aquelas estrelas se desfazem no ar e não chegam a cair na terra.

Regressei para junto dele. Aproximei-me ofegante, feliz por ter conseguido apanhar uma.

Aquela mesmo que eu tinha visto descer do céu em direcção ás árvores do olival!...

Mostrei-a orgulhoso ao meu pai, brilhante, a luz esverdeada a pulsar na palma da minha mão...

O meu pai não quis estragar a felicidade da minha ilusão.

Só uns dias mais tarde me explicou que aquilo que eu apanhei na relva não era uma estrela cadente.

Era um pirilampo....

Rui Felicio

( Reeditado )